domingo, 20 de dezembro de 2009

O livre

Foda-se são 2 e 30. Já é tão tarde nesta tarde e eu ainda aqui a almoçar. Lá fora tudo promete. Ceu azul, não há nuvens. Sol quente de meados de julho. Pessoal em calções e chinelos. Tenho de me despachar. Que caralho, este arroz não vai para baixo mais depressa? Quero sair! O pessoal já me telefona. Querem que me apresse!
Onde está a minha roupa? As minhas calças? Merda, ainda estão no estendal. Não há problema, estão secas, um pouco amarrotadas, mas não me interessa. O rasgão no meio das pernas é para o ar circular. Agora t-shirt. Hmm, será que está na gaveta? AHA, aqui está ela. Branca e encardida. Simbolo da nike sumido. Buracos pequenos nas costas. Perfeito. Agora, meias e os meus Adio Hamilton. Grandes tenis, pena ja tarem rotos. Só falta o boné, as chaves, e o meu bem mais importante...
Agora vamos embora. Um olhar no espelho. A minha mãe bem me diz que pareço um sem-abrigo. Não faz mal. Não importa. Não o faço para o estilo.
À saída do predio, o sol bate-me na cara...Sabe bem...Mas tenho de me por a caminho. Subo a ladeira, aqui não dá muito jeito, cansaria-me depressa. Apresso o passo, estou mortinho para me por em cima dele...finalmente, o topo... Ponho-me em cima daquela Santa Cruz...está novinha, vinda dos Estados Unidos à poucos dias.
E ela começa a rolar. E rola. E rola. E rola. Cada vez mais depressa...RRRRRRRRRRR lá vou eu... Não há nada melhor que isto. Não há sentimento tão belo. O vento bate na cara, e vou serpenteando na estrada como se fosse um só com o meu skate. Estrada fora, lá vou eu.

Só quem anda é que sabe. Sentir o alcatrão, o vento frio, ouvir o ranger das rodas...Nada mais me faz sentir tão próximo da liberdade que todos tentam alcançar... As pessoas olham para mim, algumas estranham, outras riem-se, mas nenhuma delas sabe como isto é bom. Ninguém me tira o sorriso da cara. Neste momento, não há nada na minha mente. Não existem problemas, não existem conflitos, confusões, nada. Só o skate a rolar...

Só descendo aquela rua já me sinto o rei do mundo, quando chegar ao skatepark então nem digo nada...Uma tarde cheia de tudo o que é bom. Conquistas, risadas, amizade, e coca-cola com os meus amigos e irmãos. Vou para lá porque quero. E por isso sou livre...

Sem comentários:

Enviar um comentário